Siza Vieira em entrevista à Navarra
Sexta, 29 Setembro 2023No Dia Mundial da Arquitetura publicamos a nossa entrevista ao arquiteto Siza Vieira
1. Porque é que escolheu ser arquiteto?
Porque a minha primeira escolha – a escultura – não era do agrado da família.
Sendo então os dois cursos na mesma Escola de Belas Artes pensei transferir-me tranquilamente mais tarde.
Interessei-me depois pela Arquitectura, numa Escola que encontrei em profunda renovação.
2.Como é que a arquitetura pode contribuir para a qualidade de vida das pessoas em ambientes urbanos e em particular para os utilizadores do edifício? Tem algum projeto no qual tenha trabalhado que considere que tenha impactado positivamente a comunidade local?
Pode contribuir em parte, mas não é por si só determinante.
Projectos com impacto positivo para a comunidade local, pelo menos de imediato: os conjuntos de habitação económica no Porto (S. Victor e Bouça, programa SAAL) e ainda Berlim (Kreuzberg) e Haia (Schlesisches Tor).
3.Quais as tendências ou inovações que prevê para o futuro da arquitetura? Como é que essas mudanças afetarão a forma como projetamos e construímos edifícios no futuro?
Falando no futuro da Arquitectura, mais do que as tendências possíveis ou as inovações impressiona-me o desprezo pela Arquitectura e pelo serviço prestado pelos arquitectos e registado pela história.
Penso nas recomendações e imposições com origem na Comunidade Europeia e nos princípios aprovados pelo Governo Português (penso no decreto-lei, no qual se lê só para citar um exemplo) «a obrigatoriedade de que o critério de adjudicação tenha em conta vários factores, devendo os mesmos ser “objectivos” e não subjectivos – como seria, por exemplo, a consideração da estética como critério».
Penso nos concursos para projectos para obra pública, feitos agora não entre arquitectos mas entre construtores.